Treinamento físico depende de vários fatores e talvez por isso seja
muito comum controvérsias sobre esse tema. Um dos aspectos sempre debatido nas
academias, entre os praticantes, é sobre a dor durante o exercício. Uma dúvida
sempre persiste então: Será que para o desempenho é melhor sentir dor ou não?
Antes de tudo, é preciso diferenciar dor e a capacidade de resistir ao
esforço.
A primeira muitas vezes está relacionada com a algum tipo de lesão e
incomodo para realizar o exercício. Já a segunda está atrelada a sensação de
queimação e ardência durante a execução de um movimento.
Assim sendo, este texto abordará a capacidade do indivíduo de tolerar o
esforço, o que está ligado à fadiga muscular.
O corpo humano é muito complexo e sensível, assim qualquer perturbação
sofrida, mesmo que mínima, pode desencadear uma série de ajustes. Dessa forma,
os aspectos externos ao organismo podem ser considerados como agentes
perturbadores. Entre eles umidade do ar, temperatura ambiente, alimentação
inadequada, hidratação e o estímulo proporcionado pelo exercício físico. Por
consequência, em resposta as instabilidades causadas no organismo, ele procura
realizar os ajustes necessários para manter suas funções mais estáveis
possíveis. Dessa forma, alterações no ph sanguíneo, no funcionamento de
enzimas, concentração de metabólitos, no sistema nervoso central e periférico,
no sistema termorregulatório e na disponibilidade de substrato ocorrerão de
maneira integrada.
Estes ajustes podem desencadear a sensação de ardência e queimação como
forma de avisar ao corpo que o estresse que ele está sofrendo pode ser danoso. Consequentemente,
progressivamente deixamos de apresentar o mesmo desempenho na continuidade do
exercício físico.
Portanto é muito pertinente pensar que o sinal causado por essa sensação
seja uma referência determinante e limitante para o praticante prosseguir ou
não com a carga de treinamento a que está submetido. Contudo, é fundamental
lembrar que o treinamento físico pretende aumentar a capacidade do indivíduo em
suportar um estímulo dado a ele com o menor esforço possível. Para tanto é
necessário causar instabilidade no organismo para que ele se adapte e se
condicione o suficiente para resistir a esses futuros estímulos cada vez mais
perturbadores.
Assim sendo, é necessário que o praticante suporte progressivos aumentos na
carga de treinamento que poderão ser acompanhados por maiores sensações de
ardência e queimação, para assim conseguir gerar continuas perturbações e
novas adaptações. Porém é importante que o esforço causado não resulte em
grandes declínios do desempenho na execução da carga de treinamento proposta.
Dessa forma, a conduta mais ponderada seria treinar sempre buscando
progredir a carga de treinamento, aumentando a tolerância ao esforço gerado
pela progressão, sem que essa prejudique a realização do desempenho do treino. Também
é necessário entender que cada indivíduo reage diferente aos estímulos dados a
ele. Portanto é fundamental o acompanhamento de perto do Educador Físico para
ajustar a carga de treinamento às possibilidades, necessidades e limitações de
cada aluno evitando assim o declínio no desempenho e os riscos de lesões.
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